"Tudo que é importante costuma ser ignorado", Louis Pauwels

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Um Brasil parlamentarista teria mais condições de dar certo

Ouvindo tantos gritos partidários, um país que de tempos em tempos se diz "enlameado" pela corrupção, lutas renhidas por nomes e siglas, mais uma vez me vem à lembrança que votei pelo parlamentarismo, no plebiscito em que as outra opções eram monarquia ou presidencialismo, sendo este último regime o que venceu e está aí hoje dando problema, desde o Marechal Deodoro.

Se não fôssemos presidencialistas e fizéssemos do parlamento nossa casa de governo, algumas soluções seriam mais fáceis. Por exemplo, se o primeiro ministro ( o presidente de fato em um regime parlamentar ) pisasse na bola, poderia ser substituído de um dia para o outro, sem alarde. Não precisaríamos passar anos a fio em um desgastante processo de impeachment.

A eleição do parlamento exigiria mais atenção do eleitorado do que a mera escolha de um nome carismático e salvador da pátria. Tendo que escolher vários nomes, em tese o eleitor ficaria mais a par dos meandros do funcionamento do processo político.

Imagine o que acontece, por exemplo, em países como Japão, Índia e Grã Bretanha, que adotam o parlamentarismo. Não há super homens da política e a falta de um culto à personalidade termina sendo benéfico por estimular o trabalho em prol do país e não para proveito de uma imagem pessoal, eliminando portanto a formação de times, profissionais de palanque e coronéis que só enfraquecem a democracia.

O Brasil parlamentarista seria mais ou menos corrupto do que o que é regido pelo presidencialismo? Seria tão corrupto quanto o povo brasileiro é, afinal corruptos não chegam ao país em naves espaciais.

Há quem analise que tal proposta em um parlamento corrompido como o brasileiro seria uma temeridade. Mas o presidencialismo também tem se provado um caminho inviável, especialmente nos últimos meses, em meio a turbulência que parece não ter fim.

Para saber se é bom mesmo, só experimentando. Ainda assim, se houvesse outro plebiscito hoje, eu votaria pelo parlamentarismo novamente. Afinal, como dizia aquele palhaço: "Pior do que está, não fica".

Celso Rommel

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